terça-feira, 29 de março de 2011

Nova entrevista com o Sr. Asplênio Avaro - Março 2011

Conforme prometemos ainda no final de 2010, voltamos com novas perguntas feitas pelos leitores.  Conversamos com o Sr. Asplênio por telefone, que nos atendeu com muita atenção e respondeu a todas as perguntas. Continuaremos ocultando os nomes dos internautas a pedidos.

Sr. Asplênio, VDF pergunta se o os avarentos são vegetarianos.
Excelente pergunta. Os avarentos não são vegetarianos, por mais paradoxal que isso pareça. Bem, os que conheço não são. Os vegetais são importantes mas não nos dão força suficiente para enfrentar os desafios que a vida nos apresenta. Se adoecemos, somos obrigados a gastar com remédios, que não são necessários se nos alimentamos bem, com carnes inclusive. Afinal, tudo o que Deus criou é bom e, recebido com ação de graças, não recusamos de forma alguma. Eu, p.ex., mantenho minha horta doméstica, o que evita gastos na quitanda, mas não deixo de comer carne.

O estudante PPB pergunta: Como vocês pretendem abolir a lei da oferta e da procura?
Perfeitamente! Sua pergunta veio a calhar porque o que eu falei numa entrevista anterior ficou obscuro. A lei de mercado, natural e comum a todos, não é nosso objeto de preocupação. Ela é excelente e nos auxilia a comprar muitas coisas a preços baixos e com qualidade. Seríamos ignorantes se pensássemos em abolir uma lei não escrita desse porte, e ignorância é algo que custa muito caro ao longo da vida; por isso nós a abominamos. Usei essa expressão, dando a impressão que abolimos a lei econômica, como uma ironia, pois o governo socialista assim quer dar a entender aos incautos. Você dá tudo ao governo que divide entre todos e dá quanto quer a quem quer. Isso é justo? Jamais! E os vagabundos, como ficam? Eles não têm o direito de passar necessidade só porque não querem trabalhar? Claro que têm! Então, você acha que o governo deve dar a eles alguma ajuda para mantê-los sem necessidade alguma? Não, isso seria uma injustiça social brutal!

Sr. Asplênio, aproveitando a última parte da sua resposta, juntarei algumas perguntas no mesmo sentido.  Resumindo, como um avarento vê a questão da justiça social? 
Perfeitamente! Vamos imaginar que há um sujeito na rua, vagabundeando. Vem o Ministério Público e o obriga a se matricular numa escola, porque ele precisa ter diplomas para trabalhar, coisa que duvidamos ser necessária, afinal. Bem, o sujeito responde: Não quero, obrigado! Em seguida vem o governo e lhe pergunta se tem família, para dar-lhe uma Bolsa Qualquer. Ele responde: Não, dá muito trabalho. Eu quero sossego.  Então, vem um assistente social que tenta levá-lo para um albergue. Ele retruca: Não, obrigado. Gosto de ficar sozinho.  Finalmente, vem um fiscal do INSS e pergunta se ele tem aposentadoria. Ele, já começando a enervar-se, responde: Não, caramba! Não tenho nada e não quero saber de nada. Me deixa em paz, p*&¨%! (sic) Então, o fiscal avisa: Pelo menos, faça o favor de cometer um crime, assim poderemos dar-lhe o Bolsa Bandido.  Para ver-se livre dos aporrinhadores, ele resolve fazer o que lhe foi pedido. Ora, se alguém quer viver sem trabalhar, que viva! Não vai comer direito nem vai ter o que quer sem trabalho honesto, mas é a decisão dele, e precisa ser respeitada. Justiça, em sentido estritamente jurídico, significa dar a cada um o que é seu. Nisso concordamos plenamente. Social já é redundância, porque justiça só existe no plural, para mais de um. Assim, é justo que o indivíduo que quer (ênfase do Sr. Asplênio) passar necessidade tenha a liberdade de viver assim, do jeito que escolheu. É dele a decisão de passar necessidade, então, deve ser respeitada. Hoje vemos que, mesmo quem não tem aptidão para estudar, é obrigado a estudar. Poderia aproveitar seu tempo aprendendo algo de que gosta e, com certeza, seria uma pessoa melhor no futuro.

Mas isso não se parece com a ordem cristã de ajudar o próximo. Como o Sr. vê essa questão? 
Perfeitamente! Ajudar ao próximo, como a própria frase explica, é ao próximo, não ao distante. Assim, isso fica restrito ao âmbito pessoal, não coletivo. Eu ajudo aos que estão próximos a mim, você aos que estão próximos a você, e assim por diante. Como vou ajudá-lo é outra questão. Preciso saber o que você realmente necessita. Na parábola, o sujeito precisava de alimentos e remédios, e foi o que recebeu. Isso é perfeitamente justo. Veja o caso das vítimas da chuva no sul. O governo não dá dinheiro, mas empresta para que reconstruam suas vidas. Não concordamos com isso. Quando ajudamos, não cobramos juros: damos o que a pessoa necessita, sem esperar retorno. E muitos lá não receberam nada até agora. O retorno é a pessoa se recuperar e trabalhar honestamente para ajudar outros da próxima vez. O estado não sabe gastar meu dinheiro e, quando o faz, faz muito mal.

Isso não se parece nem um pouco com avareza, Sr. Asplênio. 
Perfeitamente! Não se parece e não é. O nome de avarentos não é invenção nossa. Ao longo do tempo fomos sendo chamados de avarentos, de retrógrados, de homofóbicos, de trogloditas, de teóricos da conspiração, além de outros nomes que não pretendo elencar aqui, apenas porque começamos a reclamar da insensibilidade dos governos socialistas para com a nossa minoria. Reclamamos também dos valores gastos pelos governos para ajudar quem não quer dinheiro, mas apenas quer liberdade de criar a própria oportunidade caso ela não esteja à vista rapidamente. Então, escolhemos aquele nome que nos pareceu mais apropriado em função do que pensamos e vivemos. Assim, evitamos discussões desnecessárias que nos levam à depressão que, infelizmente, nos obrigam a gastar com medicamentos que não mudam a opressão da qual somos vítimas. Custos, meus amigos. Custos.

Falando em homofobia, temos uma pergunta interessante da jovem MFC, de Teresina: Os avarentos são homofóbicos?
De maneira nenhuma! Homofobia significa medo dos iguais. Como poderíamos ter medo dos iguais se não somos homossexuais? Se há uma palavra que melhor nos identifica, penso eu, é governofobia (risos). Temos medo de governos injustos e gastadores, pois a qualquer momento seremos obrigados a reagir e toda reação tem um custo. Como evitamos custos desnecessários, não gostamos de situações desse tipo.


Os avarentos admitem a convivência social com os homossexuais? 
Convivemos perfeitamente bem com quase todos desde que não nos causem despesas: podem viver do jeito que bem entenderem, só que não somos obrigados a gostar do que fazem. Como já me referi noutra entrevista, as alterações sexuais causam despesas enormes. Quando, como hoje, os governos dão dinheiro para as paradas homossexuais pelo país, nos posicionamos totalmente contra. E seremos contra se os governos derem dinheiro para uma parada heterossexual, para uma dos ciclistas de circo, dos boiadeiros sem chapéu, dos criadores de curiós, dos aparadores de grama sintética, enfim, dinheiro público não se gasta com essas manifestações. Quem quer fazer que gaste do próprio bolso. Por isso nos chamam de avarentos, o quê, como se pode ver, é completamente desproposital. Você já viu alguma passeada de avarentos? Não há. Não gastamos nada para nos promover. Somos quem somos sem qualquer promoção. Hoje estamos sendo divulgados, mas nunca foi do nosso propósito gastar com isso.


Então, o senhor é contra subsídios para o carnaval, por exemplo?

Evidente que sim! O estado não existe para essas coisas. O estado serve apenas para proteger os indivíduos que estão dentro de um limite territorial para que esses indivíduos possam trabalhar honestamente e viver de maneira digna. Claro que para isso é necessário alguma gasto, mas não da forma como vem sendo feito. O estado não pode ter poder maior que seus cidadãos. Vou repetir, se o poder vem do indivíduo, como o estado tem poder maior do que ele para gastar o dinheiro do indivíduo onde ele não quer? Quando o estado tem poder maior é tirania. Poucos percebem isso.


Mas o estado tem o poder que vem de todos, como uma somatória. 
Jamais! A questão não é a quantidade, mas a natureza desse poder. O poder não emana do povo somente se a quantidade de povo for maior que um dado número. Quem pode estipular esse quantum? Com quais critérios esse número seria encontrado? Não há a menor possibilidade de isso ocorrer porque é algo absurdo. O poder emana de todos, igualmente, não importa quantos são. Eu tenho o mesmo poder que você e nós dois juntos temos o mesmo poder que o porteiro do prédio. Nós três juntos temos o mesmo poder que o dono da mineradora de ouro. Os eleitos têm o mesmo poder que qualquer cidadão. Apenas estão ocupando cargos para decidirem questões pertinentes a todos nós porque precisamos trabalhar para o nosso sustento e para que o estado nos proteja de interferências externas e conflitos internos. E se não nos representam dignamente, são criminosos, devem ser destituídos de seus cargos e julgados por crime contra a economia dos cidadãos. São como ladrões.



Então, como o estado poderia prender o indivíduo que comete um crime se o criminoso tem o mesmo poder que o estado?
É uma pergunta lógica. A questão aqui não é de poder mas de consentimento. Se os indivíduos consentem em viver sob um ordenamento jurídico - as leis -, então estas leis dirão quem perde poder, quando e por que perde. Um indivíduo que tira a vida de outro, e não em legítima defesa, perde a liberdade diante da lei e está agora submetido ao poder dos demais indivíduos que não cometeram crimes. Todos consentiram que assim fosse. Os mortos não podem emanar poder, não podem exercer poder. Assim, se um indivíduo resolve matar muitos só para ter mais poder, é ele quem perde o poder que tem, e assim faz-se justiça. Desta forma, qualquer cidadão poderá levá-lo a uma prisão em nome desta lei que todos consentiram em obedecer. Chamaremos a polícia quando não tivermos condições de enfrentar o criminoso em pé de igualdade. Caso contrário, nós mesmos, como cidadãos, podemos levá-lo aos tribunais para que seja julgado com justiça por outros cidadãos.


Sr. Asplênio, isso pode gerar um caos na sociedade. Digamos que há uma pessoa de quem não gosto e quero me ver livre dela. Provoco uma situação qualquer e a levo à prisão. Como ficaria essa situação? Como provar que tudo aconteceu por uma desavença mesquinha? 
Sua pergunta é muito interessante mas nada muda, seja em qual sistema for, mesquinhez é mesquinhez e maluco existe em qualquer lugar. Conforme eu disse em outras ocasiões, os avarentos prezam pela moral. Não é possível viver uma sociedade livre sem regras morais. As leis consentidas originam-se nas leis morais que estão dentro dos indivíduos. Sem regra moral não é possível existir sociedade livre. A prova de algo assim é complicada, mas não impossível. Agora, imagine que o preso prova sua inocência e o acusa de abuso de poder, o que não é tão complicado assim numa sociedade moralmente estruturada. Quem perde o poder é você, que acusou o outro sem motivo justo. Essas leis já existem e servem para o mesmo fim, porque isso pode acontecer em qualquer lugar.


Mas, se a moral é relativa, o problema continua. Cada um pode agir conforme achar melhor, pouco importando se a moral alheia é mais rígida que a dele. 
Mas aí está uma afirmação impossível: a moral é relativa. Não, não é. Para ser relativa, é preciso que seja relativa a algo mais. Não existe o relativo sozinho, assim como não existe alguém mais alto perante um solitário numa ilha deserta. Digamos que seja relativa a outra regra moral. Mas esta será também relativa. Se ambas são relativas, podem ou não convergir para o mesmo ponto a depender da conveniência de cada um. Tal proposição é carente de sentido. Podemos expressar a idéia da moral relativa como uma equação na qual só temos variáveis desconhecidas. Tal equação só terá como resultado a continuidade da incógnita.  Para que exista ao menos uma moral relativa, é absolutamente necessário que exista, no mínimo, uma regra moral absoluta, para que possa haver comparação. As equações, necessariamente, terminam com um sinal de igual a, maior que, menor que, diferente de, etc., que é a comparação necessária. Além disso, se a moral é relativa, quem poderá dizer que a moral de um é melhor ou pior que a do outro? Por isso afirmamos que a educação doméstica, que ensina a regra moral absoluta é imprescindível para que uma sociedade qualquer possa ser verdadeiramente livre. Assim poderá consentir em leis justas e minizar problemas que surgem. Evidentemente que isso diminui custos brutalmente, e é por isso que aprovamos e defendemos esse tipo de regramento moral. Além do quê, quando nos facilita a vida, rendemos mais e melhor, aumentando nossa qualidade de vida.

Agora, Sr. Asplênio, preciso fazer uma pergunta de um internauta. Mas é uma pergunta que se parece mais com uma ofensa. 
Pergunte sem medo. Não fico ofendido.

Ele diz: Avarentos só pensam em dinheiro e nada mais? Assina como Pedra no Sapato.
Isso não me ofende de forma alguma. É uma pergunta razoável. Caro Pedra no Sapato, não pensamos só em dinheiro. Pensamos em nós mesmos e em nossos entes queridos, os quais só podem receber cuidados, alimento, vestuário e estudos com o dinheiro que conseguimos com nosso trabalho honesto. Sabemos que amor não custa dinheiro, mas o resto custa. Quando vemos o estado agigantar-se e tomar o que nos é difícil de obter, sofremos muito, adoecemos até, e deixamos de trabalhar, o que nos causa prejuízo duplo. Mas nem por isso o estado deixa de cobrar o que pensa ser fácil para nós. Se você não pensa em dinheiro, imagino que pode querer cometer crimes para obter o que deseja. Mas saiba que até isso custou dinheiro a alguém. Portanto, se você está vivo, está custando dinheiro de alguém. Como já disseram, não existe almoço grátis. Deixe de ser uma pedra no sapato de alguém, trabalhe honestamente. Vai lhe fazer muito bem. E parece que rimou, também (risos).

Sr. Asplênio, parece que por hoje não temos mais perguntas. Agradecemos sua colaboração e nos colocamos à disposição. A casa é sua. 
Agradeço a colaboração de vocês, que têm investido tempo e dinheiro para divulgar nossas idéias. Coloco-me à disposição dos internautas que desejam enviar perguntas. É muito importante que falemos com o maior número de pessoas possível, sem gastar muito, claro, a fim de que estejam cientes da armadilha na qual estão caindo enquanto servem a esse sistema perdulário socialista. Obrigado pela oportunidade. Até a próxima vez.

Agradecemos a paciência dos internautas que nos acompanharam até aqui. Muito obrigado pela atenção e até a próxima!